Caríssimos,
Tenho ainda no coração e nos olhos a viagem que realizei a Moçambique e a Portugal onde encontrei os grupos para uma etapa formativa e para a verificação do caminho dos grupos. Agradeço ao Senhor por tudo quanto me permitiu viver e agradeço também a todos aqueles que acompanharam esta minha viagem.
Voltar a Moçambique é sempre um pouco voltar a casa e encontrar muitos rostos conhecidos e, para mim, é oportunidade para dar graças por tudo aquilo que recebi deste povo. A viagem a Moçambique foi marcada, para além do encontro com a porção de CM que vive nesta terra, pela primeira emissão dos votos de Julieta e a entrada no período de Orientação de três jovens. Neste Vinculum publicamos o seu testemunho. Quisemos reservar uma página a quem está na primeira fase formativa, publicando as suas fotografias, para conhecer estes novos rostos e poder acompanhar cada uma com a nossa oração e a nossa acção de graças. São sinais de esperança que devemos acolher com alegria e com responsabilidade.
Este ano, empenhámo-nos a viver o ano da reconciliação, respondendo à exortação de S. Paulo: “Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliai-vos com Deus”(2Cor. 5,20). A Quaresma propôe-nos este caminho de conversão para podermos, em Deus, reconciliar-nos connosco mesmos e com as realidades onde se desenrola a nossa vida quotidiana. Reconciliação que parte do amor apaixonado de Jesus por cada um de nós, um amor sem lógica e sem cálculo que o levará a pronunciar sobre a cruz: “Tudo está realizado” e cujo lado trespassado é o selo deste amor.
Num mundo onde tudo se faz para tirar proveito, onde não há espaço para a gratuidade, Jesus ensina-nos a não fazer qualquer tipo de contas e de balanço, mas a deixar espaço unicamente ao amor sem cálculo. Para compreender este mistério de dom e de reconciliação, é necessário entrar no mesmo caminho de Jesus. Para fazer isto é vital um contacto com o Evangelho, como lugar de oração e de busca de luz; é esta Palavra que nos faz descobrir a consistência do dom de Jesus e do modo como devemos incarnar este amor que deve tornar-se concreto em cada dia e que só um coração em “paz” pode realizar.
O tríduo pascal torna-se para nós uma escola onde somos chamados a compreender o mistério do dom: no gesto de lavar os pés aos discípulos (quinta-feira santa) somos chamados a colocar a mesma toalha à cintura, como Jesus, transformando o nosso dom em serviço; ao olhar para Aquele que trespassaram (sexta-feira santa), reconhecemos a nossa insuficiência e o nosso pecado; no silêncio e na expectativa do sábado santo, a esperança abre-nos um caminho, uma esperança que se torna certeza, pois “esperar é aguardar com ilimitada confiança algo que não conhecemos, mas que vem da parte d’Aquele do qual conhecemos o amor” (M. Delbrel); o serviço, o perdão, a esperança abrem-nos o caminho para encontrar o ressuscitado no dia de Páscoa.
Boa Páscoa a todos e que Aquele que está vivo nos cumule das suas bênçãos.
Em comunhão